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segunda-feira, 20 de junho de 2011

MIRCALA DE SOUZA SERÁ QUE ELA VAI DESISTIR...


Micarla de Sousa: "Eu já pensei em desistir"

A prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), confessou, em entrevista a O Poti/Diário de Natal, que já pensou em desistir da política para voltar às atividades empresariais. No entanto, destacou que isso faz parte do passado e confirmou que permanecerá na vida pública, mesmo contrariando muita gente.

"Não entrei na política pensando em morrer como ser humano. Entrei pensando em crescer como gente. Hoje acho que sou uma pessoa muito melhor", declarou.

Em um tom mais incisivo do que o usual, Micarla criticou a deputada federal Fátima Bezerra (PT) e a vereadora Sargento Regina (PDT). A prefeita também comentou os protestos do movimento "Fora Micarla", que pede seu impeachment.

"A causa democrática não pode ser uma causa para tirar alguém legitimamente eleito pelo povo. Assim, o movimento deixa de ser democrático. Está na contramão da história. Esse tipo de movimento está sendo, neste instante, inflamado por políticos que têm os seus projetos vinculados às eleições de 2012", ponderou.

Veja alguns trechos da entrevista:

A senhora reconhece a legitimidade das críticas direcionadas à sua administração? 

Com certeza. Reconheço sim, porque inclusive as críticas que vêm a mim são provocadas pela falta de recursos. Na hora de dividir o dinheiro tem recursos para pagar pessoal, merenda, remédios. A gente tem que eleger prioridades. Reclamam da questão dos buracos. Mas, se tivesse que escolher entre mandar dinheiro pra Saúde, pra Educação ou tapar buracos, o que vocês fariam? É igual à casa da gente. Precisa eleger prioridades. 

Como a senhora está vendo as manifestações do movimento "For a Micarla"? 

Eu respeito todo e qualquer movimento, desde que ele seja ético, respeitoso e democrático. Esses três pontos são fundamentais. Não vejo aqueles jovens como adversários. Acho que eles creem, no íntimo deles, que estão lutando por uma causa. A causa democrática não pode ser uma causa para tirar alguém legitimamente eleito pelo povo. Assim, o movimento deixa de ser democrático. Está na contramão da história. É um movimento antidemocrático. Esse tipo de movimento está sendo, neste instante, inflamado por políticos que têm os seus projetos vinculados às eleições de 2012.

Que políticos são esses?

As bandeiras de todos os partidos envolvidos estavam lá no pátio da Câmara Municipal de Natal. Todos esses políticos que estão aparecendo e demonstrando apoio. É só perguntar a essas pessoas. Eu diria que 99% são candidatos no ano que vem. Então, estão tentando utilizar daqueles jovens para fazer escada, um trampolim para as eleições de 2012. Quais daqueles que colocam seus apoios, que são tão solidários, não são candidatos no próximo ano?

A senhora aceitaria conversar com os manifestantes?

Sim. Já, inclusive, coloquei isso no Twitter. Acho que melhor, muito melhor, é ter uma conversa, mesmo que seja tensa, complicada. Isso faz parte do processo democrático. Que bom que temos pessoas que pensam diferente. Eu atenderia. Já me dispus desde o início. Gostaria de saber qual é a lista de reivindicações. Mas o que recebi até agora foi o silêncio.

Em resposta à sua pergunta de sugestões do movimento para melhorar a cidade, eles sugeriram que a senhora exonere toda sua equipe, renuncie ao cargo e peça desculpas à população de Natal pelo caos administrativo em que, segundo eles, a senhora deixou a cidade. Como a senhora recebe essas sugestões?

Eu fico muito triste com esse posicionamento, porque são jovens, vivendo em um período de democracia, de abertura, e como eles se posicionam de uma forma tão retrógrada, dizendo eu não gosto de você e quero que você saia pedindo desculpas? Eu não tenho do que pedir desculpas. Eu tenho que pedir ajuda. Tenho humildade para pedir ajuda. Não conheço todas as soluções. Soluções se constroem em equipe, com a sociedade ajudando. Não existem mais salvadores da pátria. Hoje, a própria sociedade vê que precisa dar as mãos para construir o futuro que a gente quer. Independentemente de gostar ou não de mim e da minha gestão, todo natalense deveria ajudar. Dizer eu não gosto de você e quero que você saia não ajuda em nada. Isso é muito perigoso, se tratando de jovens, em pleno século 21. Tantos jovens morreram na ditadura lutando para que pudéssemos ter eleições e agora querem acabar com o resultado de uma eleição. Hoje, vários prefeitos sofrem com esse tipo de desgaste. É triste ver, após tanta luta, uma parte pequena da juventude ser usada por políticos que estão pensando nas eleições de 2012.

Durante a semana passada, a deputada federal Fátima Bezerra (PT) usou a tribuna da Câmara Federal para declarar apoio ao movimento e criticar sua gestão. Ao mesmo tempo, existe uma aliança entre sua administração e o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). A postura da deputada pode prejudicar essa aliança?


De forma alguma. Quando optei por apoiar, no segundo turno, a candidatura de Dilma, sabia todos os riscos que corria. Sabia do risco de perder o apoio do DEM, mas era algo que tinha a ver com tudo o que eu acreditava. Eu queria uma mulher presidente do Brasil. Eu não a apoiei pensando em colher os louros e me aproximar do PT do estado. Eu sabia que não haveria essa aproximação. Mas a presidente sabe disso desde o início. Eu confesso que não consigo compreender a deputada Fátima Bezerra, que teve comigo uma disputa justa. Eu ganhei e ela poderia ter ganhado. Se ela tivesse saído vencedora, eu teria uma postura diferente, devido ao meu histórico de vida. Mas ela teve uma postura de fazer uma oposição não a Micarla, mas a Natal. Nesses três anos, ela não mandou um real de emendas para a cidade. Anteriormente, ela mandava ano após ano. Uma pessoa que teve mais de 85 mil votos em Natal deveria ter uma postura diferenciada. Mas não cabe a mim julgar. Cabe a cada um fazer sua sentença. Mas a posição do PT aqui não provoca nenhum problema para nossa gestão em Brasília. Eu recebo muito apoio dos membros do PT nacional. Não tenho nenhuma reclamação a fazer do governo da presidente Dilma em relação à nossa cidade. 

Logo após a coletiva em que a senhora anunciou que iria entregar todos os contratos de aluguéis ao Ministério Público, o órgão anunciou a abertura do inquérito e a vereadora Sargento Regina disse que há uma investigação da Polícia Federal, envolvendo sua gestão. A prefeitura tem alguma informação sobre esse inquérito?

Há uma verdadeira fábrica de factóides. Eu nunca ouvi falar na minha vida que uma investigação da Polícia Federal pudesse ser colocada assim às claras. A última que existiu, que pegou políticos, empresários, até um jornalista, foi a operação Hígia. Só viemos saber quando a PF chegou e pegou. Então, há uma fábrica de factóides. Eu sei a quem interessa. É tudo voltado para as eleições de 2012. A cada dia é uma história diferente. Dizem que tenho hotel em Portugal, que construí hospital no interior. Tudo criado de uma forma fantasiosa. Sargento Regina precisa ter responsabilidade, pelas coisas que ela coloca, pois ela foi eleita pelo povo para apresentar projetos. Quais foram os projetos verdadeiramente apresentados pela vereadora nos últimos anos? Será que o único projeto que existe da vereadora é criar factóides? É ter que se defender dos vídeos divulgados no Youtube? Qual é o projeto dela nesse momento? Com relação à prefeitura, estou com a consciência tranquila. Quando percebi que a oposição disse que tinha algo bombástico sobre os aluguéis, vi que a própria oposição não quis participar da CEI dos Aluguéis. Ela deveria ter o ônus da prova, pois fez a denúncia. Não cabe à prefeitura se envolver nas prerrogativas do legislativo. Vi que a oposição queria criar factóides em cima disso, eu mesmo resolvi entregar os contratos ao MP, antes da abertura do inquérito.

Em algum momento, a senhora já pensou em desistir?

Sim. Em vários momentos. Mas, eu pensei que não entrei na política pensando em morrer como ser humano. Entrei pensando em crescer como gente. Hoje acho que sou uma pessoa muito melhor. Fui às comunidades ver os sonhos das pessoas humildes. Como por exemplo a situação dos jovens de escolas públicas que não conseguem vagas nas universidades públicas. Criamos o Proeduc e damos bolsas para que eles sejam advogados, médicos, jornalistas, engenheiros, desembargadores... Estou vendo o sonho de muita gente humilde, do filho do trabalhador, virar realidade. Isso é muito gratificante. Quando eu pensei na política sempre pensei dessa forma, de ajudar ao povo. Hoje, eu posso dizer pra população: já pensei em desistir da política, mas não vou desistir. Já pensei, mas é quase que instantâneo: quando vem esse pensamento, ao mesmo tempo, como algo de Deus, me mostra qual é minha missão. Até Jesus pensou em desistir. Imagina eu, pobre mortal. 

Já que a senhora disse que não desistirá da política, então a candidatura à reeleição está confirmada?

Isso não é ideia fixa para mim. Hoje, o que eu penso é em trabalhar. Independente de eu ser candidata, quero em 31 dezembro de 2012 olhar para trás e dizer que cumpri minha missão. A isso eu sou candidata, a cumprir minha missão. Eu não vou abrir mão de cumprir o mandato que o povo de Natal me deu. Mas não tenho ideia fixa com a reeleição. O povo vê quase como obrigação, mas e, se por algum motivo, eu achar que já cumpri minha missão? É uma questão de foro íntimo e pessoal. O que passa na minha cabeça é que tenho que trabalhar.

*A entrevista completa você confere na edição deste final de semana do O Poti/Diário de Natal, que já começou a circular.

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